Você está visualizando atualmente Psicoterapia, caminho de esperança

A experiência humana é uma espécie de aventura. Aventura porque a vida é imprevisível. Por mais que planejemos, nada garante que nossos planos se concretizarão. Para não cair no pessimismo, podemos viver com esperança.

Esperança é vislumbrar o que há no fim da trilha. Pode ser um tesouro escondido.

Todos vivemos experiências de prazer e de dor. Por tendência natural, buscamos o prazer e evitamos a dor. Contudo, conseguimos apenas um sucesso parcial nas duas coisas. Vejamos as consequências disso em nossas vidas.

Parece que viver é coisa fácil, é só ir “tocando a vida” que as coisas acontecem, mas não é assim que funciona. Há pessoas que encontram uma certa facilidade em superar as barreiras encontradas no caminho que escolheu, mas é grande o número de pessoas que encontram e esbarram nas dificuldades, que se perdem na caminhada e em razão disso deixam de viver e passam a “sofrer” suas vidas.

Viver é uma arte

Para essas pessoas cada aquisição é uma luta árdua. Cada objetivo almejado exige uma dose de sacrifício, de trabalho, disciplina e um abrir mão de muitas outras possibilidades, que parecem momentaneamente mais atraentes. As dificuldades nos aprimoram, mas quando elas são vividas como dor e sofrimento elas incapacitam, frustram e machucam. Aumenta a percepção do cansaço, dos conflitos e obstáculos, das agressões e enganos, as dificuldades parecem intransponíveis e muitas outras sensações desagradáveis… ah! Quanta coisa acontece nessa jornada.

Diante de tantas dificuldades, as chances de sucesso não são mais percebidas.  Assim, algumas pessoas passam a alimentar alguma forma de derrotismo. Aos poucos a autoconfiança vai se diluindo, a autoestima vai murchando, o pessimismo aumentando, até que elas chegam a pensar que estão fadadas a não dar certo na vida. O mal-estar presente nas emoções acaba por invadir o corpo. As “dores da alma” assumem diversas formas de doenças como alergias, dores sem razões bem definidas, doenças respiratórias, moléstias gastrointestinais como gastrites ou úlceras e muitos outros “gritos do corpo”, que são expressões emocionais.

Linguagens do corpo e da alma

Uma outra linguagem é a dos sintomas emocionais mesmos, como fobias – que são medos incontroláveis, síndrome do pânico, depressão, ansiedade, transtornos compulsivos ou muitas outras doenças emocionais.

Uma via muito utilizada é a fuga. A cura da “dor de viver” passa a ser procurada obstinadamente numa série de hábitos ou atividades: álcool, drogas, consumismo, busca excessiva e compulsiva por diversão, jogos eletrônicos ou de azar, internet, TV ou tantas outras atividades realizadas em excesso. Devemos desconfiar de tudo o que fazemos com o fim de evitar entrar em contato com as nossas dificuldades diante da vida.

Se você está passando por situações semelhantes a estas, encare isso como um fato e não se culpe. São mecanismos que a nossa psique – ou alma, adota para encontrar o caminho; para se curar da doença que é estar fora dos próprios trilhos. Quando não atendemos às nossas reais e profundas necessidades existenciais, ou seja do nosso ser, vivemos alguma forma de desorganização. No fundo tudo isso está nos dizendo que somos seres para “dar certo”, para conduzir nossas vidas no sentido das nossas necessidades mais fundamentais, daquilo que nos fará bem.~

Ser feliz?

Seria superficial dizer que somos destinados a ter vidas felizes. Também pode ser enganoso prometer que a psicoterapia te dará a felicidade. Isso será uma conquista sua. No entanto, é possível encarar a psicoterapia com esperança. Em psicoterapia, esperança é o caminhar confiante, com entusiasmo e alegria, mover-se adiante rumo à possibilidade de encontrar e viver a realidade esperada. O bem esperado mudará de pessoa para pessoa, mas é algo que proporcionará uma sensação de bem-estar, de realização, de estar no caminho que deseja seguir.

Planejar uma festa já é antecipar as alegrias da própria festa

O resultado da psicoterapia será fruto de um processo que passará, necessariamente, por diversas etapas, dentre elas o aprimoramento do autoconhecimento, a superação das dores do passado, a aceitação das próprias origens e características pessoais e o ajuste dos objetivos à sua realidade pessoal e histórica.

Há certas semelhanças entre fazer psicoterapia e fazer academia. No começo tudo é meio estranho, não conhecemos os equipamentos, os músculos doem, dá preguiça, exige disciplina e persistência. À medida em que vamos superando essas dificuldades, começamos a gostar, dali a algum tempo os resultados começam a aparecer e adquirimos gosto pela atividade.

Na psicoterapia também estranhamos as primeiras sessões, não conhecemos o terapeuta, dói tocar as feridas e mexer justamente naquilo que está incomodando. A preguiça tem o nome de resistência e sem disciplina e persistência achamos todos os defeitos possíveis no terapeuta, na técnica, no investimento de tempo e dinheiro e interrompemos o processo.

Para dar certo é preciso caminhar com a esperança, pois é com esperança que as diversas abordagens psicoterápicas foram construídas. É com uma visão positiva acerca das pessoas, é pela crença de que elas podem se reencontrar que trabalhamos. Há quem chega ao consultório com uma lente escura, vendo tudo sem graça. A esperança consiste em mudar a cor da lente.

Eu acredito nas pessoas, sei que elas podem fazer mudanças em suas vidas. Sinto-me grato por poder compartilhar esta alegria com jovens, adultos e pessoas de idade avançada, pessoas apaixonadas pela vida.

José Hamilton Ferreira
Psicólogo CRP SP 36505